Sonho de Ninfa - MARINA ALEXIOU

26 de novembro de 2021




 

Sonho de Ninfa

 

Ela habita um tempo em que a grandeza foi uma realidade física

Noutros, encerrada está na sua imagem.

Por onde andará a sua alma?

 

O seu braço é forte ainda para amparar o cântaro das mudanças.

Seu olhar navega em pensamentos amorosos por aquele que se foi.

 

O sol reflete em sua sedutora silhueta,

aquecendo o perfume que inebria os que passam

arriscando um olhar...

 

Que passado é esse tão distante que a conheceu

e ainda a acompanha no seu exercício contemplativo?

 

No seu jardim de pedra ela se deleita em sua beleza primaveril

esperando, quem sabe, ser arrebatada no vento

em direção a novas tardes de amor,

como aquelas em que ainda não estava só.

 

Àquele leito natural e macio dos amantes.

 

O seu panteão hoje é um lugar de recordações,

lembranças e honores solitários entre nuvens

que passam e a observam, eternamente...

Desabitada de saberes e paixões.

 

Mesmo assim, ela espera docemente, em sua languidez de deusa,

Sabedora de manipular os dons dos prazeres de Eros

Com a volúpia e a saciedade próprios da sua estirpe.

 

 


POEMA MARCELO BRANDÃO

25 de novembro de 2021


 

Marcelo Brandão é poeta, escritor, graduado em História e apaixonado por filosofia e literatura. Faz de seu ofício de poeta a grande arte de ressignificar a vida. Autor de "Sinta a Síntese", seu primeiro livro publicado e lançado em 2020, Marcelo Brandão foi ganhador do Prêmio Olho Vivo - categoria Poeta - em 2019 e tornou-se novamente finalista do Prêmio em 2020. Participou de inúmeros saraus e intervenções artistas em Volta Redonda, sua cidade natal, como a instalação "A Casa do Poeta", ocorrida recentemente na Secretaria Municipal de Cultura. Enfim, Marcelo é a arte em movimento, pois não para de criar em só momento.



O que te

motiva?

O que te

move?

O que te

comove?

Você

acha que

o mundo

é como vê?

O que te

envolve?

O que te

dissolve?

Você

confunde

o que

houve

com o

que bem

entender?

Ou entende

o que ouve,

para saber

o que dizer?

O que te

condena

e o que

te absolve?

Será que?

Será que

será que

será?

Será que

essa

estúpida

retórica

irá ecoar?

Ninguém

sabe se...

 

Marcelo Brandão


Não há correntes ao vento - Raquel Leal

24 de novembro de 2021


 Não há correntes no vento


Trago um beijo imaginário
Como quem inspira o ar para os pulmões
Fortemente desinflados

Desamarro o batom do lábio
Nas costas do travesseiro branco
Como era a folha do caderno

Amanheço plantando uma flor
Depois tateio com mãos de terra
A omoplata, para me lembrar da postura

Compus uma flor no vaso
Um traço de batom disperso
O ar corre nos versos

E amar ainda é verbo.

Raquel Leal
Aquarela de Isabela Pessoa, artista paraibana


A Máscara

19 de novembro de 2021

ÀS CHEGADAS - Raquel Leal

17 de novembro de 2021


 

Às chegadas

A terra gira
E eu conto
Os rodopios
Do cilindro
De tinta azul
Entre minhas mãos
Pequenas

Por desejar
O mundo

Às vezes carrego
Nas tintas
E espalho pintas
Como se fossem
Pontos

No entanto
Preferia
De fato
Um travessão
Sem ponto
Ou questão, 
Mais poesia.

Aí já tenho um começo
Para o mundo de desejos
Que pequenos almejo

Raquel Leal

Tela de Soledad Echaniz, artista argentina



 

TRECHO DE UM POEMA

14 de novembro de 2021


 
@elyanelacerdda

www.elyanelacerdda.com









TOURADA - Marina Alexiou

12 de novembro de 2021

 




Pablo Picasso  
Complete Paintings

Tourada

 

Um pedido de perdão ao instinto

ao animal dentro de nós.

 

Defronte, a multidão que assiste inconformada e ruidosa

a manifestação das forças que se apascentam,

que se encaram corajosamente.

 

Serenamente.

 

A solidão do chapéu-lógos

caído na poeira avermelhada da arena.

A tristeza da rúbia tira rasgada,

triturada pelo ímpeto de sangue que vibra naquele olhar...

 

Tão profundamente compreensivo,

aquele olhar reflete tudo aquilo que até então

se constituiu no mistério que guarda os caminhos.

 

Mas, que neste instante do encontro,

a força animal revive, redescobre, justifica, liberta...

 

O cenário banal é tradição apenas para quem

o encontra em seu roteiro existencial

e o recebeu como natural, destemidamente.

 

 

A aproximação do animal-homem,

o círculo do picadeiro, as galerias, os espectadores,

a terra batida, o céu de entardecer.

 

A eternidade recolhe cada detalhe dessas imagens

para sua majestosa película...

   

 

 


 

 


AS CORDAS ME DESAMARRAM - Raquel Leal

10 de novembro de 2021

 



As cordas me desamarram


Tenho o mundo em minhas mãos
E sobre minhas costas
Uma revogada de pássaros
Faz minha guarda

Alguém disse que era ilusão
O sonho de não ver o templo
Ser arrebentado por bombas

E que o tempo calava a palavra
Mulher

Minhas tintas dizem não
Ao silêncio imposto

Pago cada letra saída
Da minha poesia
Com a coragem de ser
A mulher que grita: Não

Meus poemas nunca compactuariam com nenhuma covardia, muito menos meu silêncio.

Raquel Leal
Ilustração de Shamsia Hassani, artista afegã

AMOR INCÓGNITO - Marina Alexiou

5 de novembro de 2021


 

Amor incógnito e grandioso

Largo e profundamente azul como o mar.

Aqui...Aqui te esperamos!”

 

E para aprender sobre o prazer?

Sobre o seu olhar... quando se é apenas um estranho?

A fé é uma possibilidade de vitória

de que a sua partida não seja uma realidade.

Temos que aprender sobre tudo?

Ou os sentimentos bastam?

A palavra-passe abrirá portas seguras?

ou te cegará com a indiferença de tantos rostos

que te mirarão na obscuridade?

A embarcação não guarda memórias,

conduzindo entre águas calmas e enganosas

todos os sonhos e ilusões.

Ela olha para o porto distante,

perdida em especulações, enquanto as águas vão deslizando

e mudando a sua cor, engolidas pelas nuvens companheiras...

...Ao girar a moeda no seu aportar

tudo ganhará o seu verdadeiro lugar,

e o destino poderá, por fim, sorrir...

Quem pode saber?


ALVORADA - RAQUEL LEAL

3 de novembro de 2021


 


 

Alvorada

Teu poema é orvalho
Nas horas da madrugada

É letra que se entende
quando tocada

Braile pontilhado de mel

Chuva de estrelas que bordaram o céu
Da noite que se viu ascencionada


Raquel Leal

Ilustração:  Maniacodamore, artista italiano.

 

 

TUDO POSSO- Elyane Lacerdda

1 de novembro de 2021


 Segundando com muita chuva e muitas lembranças... bora lembrar de nossos parentes e amigos, que já partiram... mas que sejam boas lembranças ... um dia estiveram conosco mas como "Tudo passa"... devemos aceitar e entender que a vida é MOVIMENTO constante!

"...Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou"... ( Eclesiastes-Cap 03 Vers.02)


TUDO POSSO


“Tudo posso naquele

Que me fortalece”(Filipenses 4:13)

Posso chorar quando houver tristeza

Posso abraçar quando necessitar de amparo

Posso sorrir para aliviar a alma

Transmitir amor

Pelo simples olhar incandescente

“ Tudo posso naquele que me fortalece”

Posso estender as mãos para o amanhã

E acreditar na Luz do Sol

Posso caminhar sem receio algum

Porque estarei segura do rumo que escolhi

“Tudo posso naquele que me fortalece”

Posso escrever nas noites de lua cheia

Deitar em minha cama e me sentir inteira...

Posso dizer “sim” ou “não”

Mas Amar sempre...

Porque em meu interior não há espaço para tormentas e

sentimentos negativos

Meu ser se enche de Luz

E a cada dia as estrelas me acompanham

Durante a noite...

Não há perigo algum

Sinto-me protegida

E completamente renovada

Posso dançar, ouvir músicas que me agradam

E cantar alto afinal...

Posso me calar ou gritar bem alto

Sem receio ALGUM...

Houve uma metamorfose que se instalou

Hoje liberto-me do casulo...

Voo pelo infinito da mente

Sou mais que uma borboleta errante

Um simples ser...

Uma mulher...

Uma fagulha de vida

A prova concreta de que

“Tudo posso

Naquele que me fortalece”

V I D A ...