POEMA-- MARCELO BRANDÃO

1 de setembro de 2022

Acho que tinha...sei lá,
uns 10 anos de idade.
Preto e pobre, o poema
era filho da empregada.
Seus amigos
eram invisíveis
e o mundo, era
a sua quebrada!
Era um poema tímido,
que muito dizia muito
enquanto se calava.
Era um menino,
um futuro homem que,
desde pequeno apanhava!
...do pai que morreu,
de tanto que bebeu
pela vida que levava.
Tinha no seu corpo,
as marcas da cinta,
que a camisa tapava.
O poema menino
vendia bala no sinal,
sonhava com o sonho
que vendia na padaria
e faltava aula enquanto
a sua mãe ajudava!
Só tinha 10 anos
e o peso do mundo
em suas costas,
o pequeno poema
já carregava!
Na rua, o poema
era retrato falado.
Desses, que levam
dura toda hora!
O poema passa
e a tia atravessa,
esconde a bolsa,
enquanto o ignora!
Cabeça raspada,
as unhas sujas
e a roupa amassada.
Cabeça vazia,
ante à infância
que lhe era roubada!
Ainda assim,
a criança que ali havia,
sorria e sonhava.
Mas isso que eu conto,
é o que contam
do menino poema.
São raros aqueles
que o (re)conhecem
e isso o apavora!
O poema, sem querer,
mostra como é o Homem
em frente e verso,
de dentro pra fora!
Poemas nascem
e morrem todos os dias!
Tem dia que ele é homem,
tem dia que ele é mulher!
Tem dia que ele é velho,
é Jennifer e Agatha.
É João, é José.
Mas hoje, conto à vocês,
a história do jovem
João Pedro ou "JP",
o filho da empregada!


Marcelo Brandão
 

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