ACRÓSTICO MATERNAL - MARCIO CASTILHO

15 de maio de 2022


 


 

ACRÓSTICO MATERNAL

 

Moradia fiz de teu ventre,

Antes de me instalar neste mundo.

Resta-me, hoje somente,

Ir caminhar entre a gente,

Achar-te bem lá no fundo.

 

Criatura divina, vésper estrela,

És norte na minha jornada,

Lá, ao longe, irei vê-la,

Inda fronteiras, irei rompê-las

Até sentir saudades, mãe amada.

 

De ti, herdei cromossomos, moléculas, mitocôndrias,

Outras tantas coisas que à origem corresponda.

 

 

No teu âmnio protegeste-me

Ante os abalos da terra;

Silenciosamente acolheste-me,

Como quem a porta descerra

Inundando-me de luz sempiterna.

Mãe, palavra de três letras

E, no entanto, de tanta grandeza.

Na vida tem quem a soletre,

Todavia, sem a clareza,

O significado que nela encerra.

 

Carregaste-me, ó mãe, em teu útero,

Ancorado ao teu cordão umbilical

Senti, em tuas entranhas, teu amor ininterrupto,

Teu zelar translúcido, angelical.

Inundaste-me, qual Gaia, num sopro de vida,

Lentamente, em longos suspiros,

Hálitos, oxigênios, hemoglobina,

Ondas etéreas de amor infindo.

 

Márcio Castilho, De Todos Os Tempos, 2019

email: marciocastilho74@outlook.com

 


0 comentários:

Postar um comentário