Marina Alexiou e seus textos lindos!
O sono hermafrodita
O que se segue é
indefinido pelas ondas
num sono profundo do
ser que se sonha,
no giro do
caleidoscópio que é o seu coração.
Quem poderá pressentir
os habitantes
dessa dupla dimensão
imersa em seu íntimo?
O sorriso em seus
lábios juvenis é indício
de uma experiência de
entregas e dúvidas
inúmeras vezes revivida,
Enquanto seus olhos
miram esse horizonte
encoberto e sem sol.
É terno esse ser
viajante do não-ser.
Sua silhueta é breve,
como breves são os
momentos de vigília.
Qual um Narciso, dorme
mirando o fundo do lago
de sua essência primaveril.
E logo alcançará o
outono das folhas do prazer
que caem copiosamente,
através das lágrimas do
seu despertar.
Que poema maravilhoso, Marina!
ResponderExcluirÉ de uma profundidade sem fim, o que se confirma a cada vez que o receio. Sinto que os versos vão abrindo portas para novas percepções de si, do eu, que é sempre novo, a cada sonho de primavera.
Amei!
Abraços apertados e fraternais!
Raquel
Um poema muito belo!
ResponderExcluirUm lirismo notável emana das estrofes
e nos leva para um outro espaço onde o impossível não existe!
Gostei muito!
Um abraço para ti!
Olá Raquel
ResponderExcluirObrigada por gostar do Hermafrodita dormiente, uma belíssima e terna escultura de Gian Lorenzo Bernini, este que conseguia dar vida aos personagens em pedra, de mãos dadas com Michelangelo...
Olá A.S.
ResponderExcluirTudo bem?
Já estava a sentir a sua falta...
Seguramente as mãos de Bernini não conheciam o impossível. Elas conseguiam, além de dar vida às pedras, dar-lhes também sentimentos...
Podemos sentir a ternura nesse ser de dois lados, além de uma complexidade que exala da sua presença na Galeria Borghese, em Roma. Ou estava, em 2013 quando estive lá...
O Hermafrodita dorme, mas nos deixa levar um pouco dos seus sonhos quando o visitamos...rs