Filho
do compositor e cantor Luiz Gonzaga e de Odaléia Guedes dos Santos, cantora do
Dancing Brasil. Sua mãe morreu de tuberculose aos 22 anos, o que fez com que o
pai, sem condições de criá-lo, devido aos shows que fazia pelo Brasil, o
enviasse para ser criado pelos padrinhos, Henrique Xavier e Leopoldina de
Castro Xavier, moradores do Morro de São Carlos, onde ele cresceu.
Aprendeu
a tocar violão com o padrinho. Aos 14 anos, compôs sua primeira música,
"Lembranças da primavera", seguida, mais tarde, por "Festa"
e "From US of Piauí", todas gravadas por seu pai, em 1967.
Sempre
disse que aprendeu muito com as lições de vida que recebeu pelas ladeiras do
morro. Para conseguir seus primeiros trocados, carregava sacolas na feira.
Moleque Luizinho – seu apelido de infância – aprontou com a vizinhança do
bairro, furou três vezes o olho esquerdo com pedrada, estilingada e quina de
cama (perdeu 80% da visão deste olho). No morro despertou a paixão pelo futebol
e pela música.
Desde
cedo, frequentou os blocos e rodas de samba da Unidos de São Carlos. Aos 14
anos, escrevia sua primeira composição: Lembranças da Primavera. “Nas ruas do
Estácio, Gonzaguinha ia crescendo, entre a malandragem dos moleques de rua e o
carinho da madrinha”.
Imerso
no dia a dia atribulado da população, Gonzaguinha ia aprendendo a dureza de uma
vida marginal, a injustiça diária vivida por uma parcela da sociedade que não
tinha acesso a nada. Foi nesse contexto que o jovem amadureceu a militância
para mudar a política, sendo a música sua principal arma.
Formou-se
em Economia pela Faculdade de Ciências Cândido Mendes (RJ). Foi nessa época que
travou contato com Ivan Lins, Aldir Blanc, Paulo Emílio, Cesar Costa Filho,
entre outros, com os quais, fundou o MAU, Movimento Artístico Universitário.
Devido
ao caráter social de suas composições, foi inúmeras vezes convocado para se
apresentar no DOPS, tendo sido constantemente alvo da censura.
A
maior parte do público sempre associou Gonzaguinha às músicas de protesto e de
resistência à ditadura militar. Colaborava para isso, além de canções raivosas
como “Comportamento Geral” (1973), a própria imagem cultivada pelo compositor,
carrancudo e dono de um mau humor folclórico na MPB.
Mesmo
depois que a ultra-romântica “Explode Coração” se tornou um enorme sucesso na
regravação de Maria Bethânia, ele não deixou de encarnar o eterno militante
estudantil.
Nada
como o tempo para filtrar verdades. Hoje, as músicas engajadas de Gonzaguinha
soam datadas e até ingênuas. Em compensação, suas canções de amor e seus sambas
esfuziantes lhe garantem um lugar de honra na história da música brasileira.
Na
verdade, “Explode Coração” e o disco em que estava incluída, “Gonzaguinha da
Vida”, talvez o melhor que gravou, representaram um divisor de águas em sua
carreira.
Marcam
a sua maturidade e o fim da obsessão com os temas políticos e sociais. Estes,
dali em diante, apareceriam menos frequentemente e às vezes nas entrelinhas das
letras. O disco continha ainda “Diga Lá”, “Coração” e “Com a Perna no Mundo”,
além da divertidíssima “Feijão Maravilha”, tema da novela homônima da TV Globo
na voz das Frenéticas.
A
grande fase de Gonzaguinha se prolongaria pelos dois discos seguintes, “De
Volta ao Começo” e “Pessoa – Coisa Mais Maior de Grande”. O primeiro contém “E
Vamos à Luta” (“Eu acredito é na rapaziada. ”), “Grito de Alerta” e a balada
“Sangrando”.
O
segundo tem como destaque “Eu Apenas Queria que Você Soubesse”. Depois disso,
no disco “Caminhos do Coração”, Gonzaguinha conheceria o último de seus grandes
sucessos com um samba espetacular, “O Que É, O Que É ?” . Os discos que vieram
depois são menos inspirados, embora o compositor demonstrasse um refinamento
cada vez maior em seu estilo.
Outro
papel importante que Luiz Gonzaga Junior cumpriu foi entre seus companheiros de
música. Fundou junto com amigos a Sombrás (associação de músicos) e conseguiu
avançar no debate dos direitos autorais das composições.
Ele
também conseguiu fundar seu próprio selo fonográfico para editar suas músicas,
chamava-se Moleque. Gonzaguinha dispensou os empresários e essa atitude foi
fundamental para sua carreira. Segundo ele, a vantagem de trabalhar
independente dos empresários é poder levar a música para um número maior de
pessoas e recuperar a base humana do trabalho.
Com
o começo da redemocratização, suas letras ganharam romantismo. Muitos casais
tiveram suas trilhas sonoras recheadas de canções do Gonzaguinha. Os
relacionamentos que teve, lhe deram inspiração para retratar muito bem a paixão
entre amantes.
Como
nas letras Sangrando, Eu Apenas Queria que Você Soubesse, Começaria Tudo Outra
Vez e Diga Lá, Coração: “Diga lá, meu coração / Conte as estórias das pessoas /
Nas estradas dessa vida / Chore esta saudade estrangulada / Fale, sem você não
há mais nada/ Olhe bem nos olhos da morena e veja lá no fundo/ A luz daquela
primavera”.
“Uma canção de amor também é aquela que canta
a luta da vida (…) o suor do trabalho/ O calo das mãos de quem canta a
esperança (…) com garra e fé”, diz a letra de Uma Canção de Amor.
Gonzaguinha levou a sério esses versos a vida inteira, pois representam o
orgulho que tinha dos trabalhadores brasileiros e da batalha diária por uma
vida digna. Sempre consciente de que a transformação da sociedade chegaria com
muita luta.
Mostra
sua esperança na letra E Vamos à Luta: “Eu
acredito é na rapaziada/ Que segue em frente e segura o rojão/ Eu ponho fé é na
fé da moçada/ Que não foge da fera, enfrenta o leão/ Eu vou à luta com essa
juventude/ Que não corre da raia a troco de nada/ Eu vou no bloco dessa
mocidade/ Que não tá na saudade e constrói/ A manhã desejada”.
Dono
de uma voz memorável, marcou a Música Popular Brasileira como um dos maiores
expoentes das canções de protesto e de amor, sempre atingindo as angústias
existências das paixões.
Faleceu
em 1991, vítima de um acidente de automóvel nas proximidades de Curitiba (PR),
após um show, no auge da carreira. Em sua última música de sucesso É, deixa a
mensagem: “A gente quer valer o nosso
amor/ A gente quer valer nosso suor/ A gente quer valer o nosso humor/ A gente
quer do bom e do melhor (…) A gente não tem cara de panaca/ A gente não tem
jeito de babaca (…) A gente quer viver pleno direito/ A gente quer é ter todo
respeito/ A gente quer viver numa nação/ a gente quer é ser um cidadão”.
Daniel
Gonzaga, tão crítico quanto o pai, comenta: "Gonzaguinha fez música numa
época onde nós éramos mais inteligentes, a música popular brasileira era muito
rica. Não só a música brasileira, como também a mentalidade das pessoas. A obra
dele é a nossa história".
Nunca
pare de sonhar...
VÍDEOS
Ø
Comportamento
Geral – Gonzaguinha: https://www.youtube.com/watch?v=RLxQ1UyHDD4
Ø
Simone
e Daniel Gonzaga - Som Brasil Gonzaguinha - Começaria Tudo Outra Vez – 2007: https://www.youtube.com/watch?v=uHzOLzCY_Bw
Ø
Gonzaguinha
- Coluna Nelson Motta - Jornal da Globo Março/2011: https://www.youtube.com/watch?v=LTrdDGmbQPI
BIO
Thiago Muniz tem 33 anos, colunista
dos blogs "O Contemporâneo", do site Panorama Tricolor, do blog
Eliane de Lacerda e do site Jornal Correio Eletrônico. Apaixonado por
literatura e amante de Biografias. Caso queiram entrar em contato com ele,
basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter
em @thwrestler.
É verdade Marcos, o Gonzaguinha ainda tinha muita lenha para queimar. Tento imaginar ele nos dias de hoje, contribuiria muito para o desenvolvimento da música no Brasil.
ResponderExcluirVdd,amigo!
ResponderExcluirBjos