Fernando Pamplona, o mestre de todos os Carnavalescos!(Thiago Muniz)-Colaborador

2 de março de 2016
Fernando Pamplona, o mestre de todos os carnavalescos!


Caro amigo (a) leitor (a),

Fernando Pamplona (Rio de Janeiro, 26 de setembro de 1926 — Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2013) foi um carnavalesco, cenógrafo, professor, produtor e apresentador de televisão brasileiro, considerado um dos mais importantes nomes do carnaval carioca.

Formado pela Escola Nacional de Belas Artes, teve uma rápida passagem como ator até conhecer Mário Conde em meados da década de 50, que lhe abriu as portas para a cenografia.

Em 1959, o escritor Miercio Tati, membro do então Departamento de Turismo e Certames da Prefeitura (hoje, Riotur), o chamou para integrar o corpo de jurados dos desfiles das escolas de samba do Rio.

Embora tenha assumido o cargo com dedicação, apenas uma, entre todas as agremiações, deixou Pamplona realmente extasiado. Trata-se do GRES Acadêmicos do Salgueiro, que, naquele ano, havia inovado por completo os padrões do carnaval carioca ao jogar para o alto os habituais enredos de capa-e-espada (sobre políticos ou militares) trazidos pelas escolas e abraçou uma temática sobre o pintor francês Jean-Baptiste Debret.

Foi ele um dos poucos jurados a defender, sem medo, sua avaliação sobre os desfiles, o que surpreendeu o diretor de carnaval do Salgueiro, Nelson de Andrade. A diretoria da escola, por intermédio de Nelson, o convidou para preparar desfile salgueirense para o carnaval de 1960 e Pamplona aceitou o pedido com a condição de fazer um enredo sobre Zumbi dos Palmares.

Pela primeira vez, a vida de uma personagem não-oficial da história do Brasil era retratada por uma agremiação. Chamou seus colegas de teatro, Arlindo Rodrigues e Nilton Sá, e acabou se tornando, por fim, um carnavalesco de escola de samba. No Salgueiro conquistou quatro títulos, foi vice outras três vezes. Pamplona empresta seu nome a biblioteca do Centro de Referência do carnaval, a única do gênero no Brasil.

Outra alteração foi a uniformização do visual da escola através de uma harmonia de cores e formas no figurino". No ano de 1961 ganhou do Museu de Arte Moderna, do Rio de Janeiro o prêmio de uma viagem à Europa, feita no ano seguinte, em 1962.

Permaneceu por dois anos na Europa, retornando ao Brasil em 1964. Passou a lecionar na Escola de Belas Artes da UFRJ e logo depois passou ao cargo de diretor da mesma escola, quando em sua homenagem um atelier da escola foi batizado de "Pamplonão". Como projetista de "stands" representando o Brasil no exterior, atuou entre os anos de 1962 e 1964 nas cidades de Berlim, Colônia e Hamburgo (Alemanha), Estocolmo (Suécia), Viena (Áustria), Budapeste (Hungria), Milão (Itália) e Estocolmo.
O termo carnavalesco utilizado genericamente para designar todo folião que participa, brincando, do carnaval de rua passou a ter um novo significado a partir dos anos 60 com a participação de membros da escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro no desenvolvimento de enredos nas escolas de samba do Rio de Janeiro.

Pamplona foi o mestre dos grandes carnavalescos que surgiram a partir dos anos 60, 70 e 80, dentre eles, Joãosinho Trinta, Arlindo Rodrigues, Maria Augusta e Rosa Magalhães, que foram seus discípulos na arte de fazer belos e plásticos carnavais.

Foi também precursor em realizar o encontro do carnaval do morro com sua própria identidade, quando propôs temas que tinham por objetivo fazer uma revisão histórica e que mostrasse personagens e fatos que eram inerentes às pessoas dessas comunidades.

Em vez de temas homenageando império, república, nobreza e elite, surgiram enredos como: Quilombo dos Palmares, Aleijadinho, Festa para um Rei Negro, dentre outros.

Pela primeira vez, as escolas nascidas da resistência negra contavam sua verdadeira história e começavam a se enxergar no espelho. É impossível falar em concepção de enredo, em modernidade de estruturas alegóricas, sem pensar em Fernando Pamplona, salgueirense e botafoguense de coração.

O mestre de todos os carnavalescos, que no ano de 2015 foi tema do enredo da escola de samba São Clemente com o título: “A incrível história do homem que só tinha medo da matinta perera, da tocandira e da onça pé de boi”.

A responsável pelo desenvolvimento do enredo foi sua aluna da escola de Belas Artes, a campeoníssima do carnaval carioca, professora Rosa Magalhães. Com certeza, Pamplona assistiu ao desfile no camarote celestial.


ENREDOS ASSINADOS POR FERNANDO PAMPLONA

Ano
Escola
Colocação
Grupo
Enredo
1960
Salgueiro
Campeão
1
Quilombo dos Palmares
1961
Salgueiro
Vice-Campeão
1
Vida e obra do Aleijadinho
1964
Salgueiro
Vice-Campeão
1
Chico-Rei
1965
Salgueiro
Campeão
1
História do Carnaval Carioca
1967
Salgueiro
3ºlugar
1
História da liberdade no Brasil
1968
Salgueiro
3ºlugar
1
Dona Beja, a feiticeira de Araxá
1969
Salgueiro
Campeão
1
Bahia de todos os Deuses
1970
Salgueiro
Vice-Campeão
1
Praça XI carioca da gema
1971
Salgueiro
Campeão
1
Festa para um rei negro
1972
Salgueiro
5ºlugar
1
Nossa madrinha, Mangueira querida
1977
Salgueiro
4ºlugar
1-A
Do Cauim ao Efó, moça branca, branquinha
1978
Salgueiro
6ºlugar
1-A
Do Yorubá à luz, a aurora dos deuses
1997
Em Cima da Hora
5ºlugar
A
Sérgio Cabral a cara do Rio

Fernando Pamplona, o mestre de todos os carnavalescos!


BIO


Thiago Muniz tem 33 anos, é formado em Marketing pela Universidade Estácio de Sá, dono do blog O Contemporâneo, cronista do site Panorama Tricolor. Compositor por hobby e um amante da música. Apaixonado por literatura e amante de Biografias, já está escrevendo o seu primeiro livro e em breve se lançará como Escritor. Caso queiram entrar em contato com ele, basta mandarem um e-mail para: thwrestler@gmail.com. Siga o perfil no Twitter em @thwrestler.

3 comentários:

  1. Oi amiga!
    Adorei ficar sabendo mais sobre o Fernando Pamplona, até então só o conhecia como carnavalesco mesmo.
    Parabéns pelo post!
    Bjssss

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