Loucura Real ( Capítulo 01)

“Enquanto você se esforça pra ser

Um sujeito normal

E fazer tudo igual

Eu do meu lado,

Aprendendo a ser louco

Um maluco total

Na loucura real”(Raul Seixas)

Ana Carolina morava  em Belo Horizonte, seus pais foram passear na cidade de Brasília e a deixaram na casa de sua tia, pois as suas primas regulavam idade e tudo era festa, quando se encontravam. O mês era de férias escolares, desta forma não precisaria perder aula, pois como moravam em bairros distantes, tudo ficaria mais difícil com relação ao transporte, assim seus pais viajaram despreocupados e felizes pela oportunidade de conhecerem a arquitetura deslumbrante de Brasília!

Foram dez dias de muita alegria, brincadeira, paqueras, mas “Carol” e as primas sempre imaginavam mais e mais... Os adolescentes não conseguem ver os limites, há sempre uma interrogação, uma vontade de conhecer o desconhecido e se for proibido, melhor ainda!

Ana tinha um namorado bem mais velho, mas brigavam sempre, e ficaram separados por esses dias, o que trouxe um clima de paz, mas ela não conseguia esquecê-lo, estava sempre lembrando  de seus dias de amor!

Quando somos adolescentes pensamos muito nos dias alegres, e não temos discernimento para avaliar o que a vida pode nos aprontar nos dias de terror! Somos presas fáceis de nossas próprias escolhas!

Quando chegou o dia de seus pais voltarem, sem analisarem muito a situação, ela e suas duas primas resolveram comprar um remédio que diziam ser “o bicho”, o “danado” era o “ARTANE”, que segundo amigas dava a sensação de fazer uma viagem, talvez como a “maconha ou qualquer droga, que faça sair da realidade!”

Foram à farmácia ,indicadas por amigas, onde vendia sem receita médica o vidro com 100(cem) comprimidos, e saíram de lá dando gargalhadas pelas ruas...Hahahahaha

Quando chegaram em casa, estava se aproximando a hora dos pais de Ana virem buscá-la, mas ela resolveu ingerir alguns comprimidos antes da chegada deles, sempre foi curiosa e estava  pronta a conhecer a tão famosa substância; desvendar mistérios, muito ansiosa vira oito comprimidos com água e fecha o vidro, guardando-o no bolso da jaqueta jeans que usava!

De repente, a campainha toca e chegam os dois felizes e saudosos, abraçam a todos e agradecem o acolhimento, a tia nem imaginava o que estava acontecendo, e quando saem do apartamento e entram no carro, Ana deita no banco  traseiro e não consegue mais raciocinar nada, a visão estava turva e confusa, começa a ter  grandes alucinações, estado de loucura total!

Sua mãe muito nervosa entra em casa e grita:

-Meu Deus, minha filha está ficando louca!!!!!

-O que houve?

Carol não consegue responder mais nada, só quando a irmã mais velha pergunta se ela ingeriu algo, ela abre o bolso da jaqueta e joga o vidro em cima de sua cama!

Na mesma hora, pegam o telefone e ligam para o psiquiatra, que a acompanhou durante um processo de depressão, ele diz que infelizmente não há mais nada a fazer, apenas aguardar o efeito alucinógeno passar, o que levaria em torno de três dias e três noites, mas por pouco não entra em estado de coma.

- Começa então a maratona de alucinações dentro do apartamento; ela sempre vê uma velhinha descendo do teto do quarto de seus pais, conversa com ela, e grita muito em todo esse processo de sofrimento familiar!

- Entra no banheiro e toma banho o dia inteiro, não percebe a realidade de forma alguma, mas vive a consequência da irresponsabilidade!

Seus pais passam três dias e noites sem trabalhar e sem dormir, acompanham de perto esse processo de loucura da filha adolescente de apenas 14(quatorze) anos de idade.

Quando tudo termina, cansada e sem forças, sua mãe lhe pergunta:

-O que você queria fazer, minha filha?

 -Você queria morrer?

Ela responde: Apenas deu vontade de tomar, para ver o que sentia...

Ela olha para os pais e pede para ir para a sua cidade Natal, Sabará, no interior de Minas gerais, pois tem saudades de seus amigos!

Sua mãe arruma uma malinha e seu pai a leva para o interior, onde fica por três dias revendo os amigos, sem contar nada do que passou para ninguém !

Quando retorna, volta às consultas com seu terapeuta.

Sua mãe ficou sem falar com sua tia por um bom tempo, pois a deixou em sua casa para ficar tranquila ,e quando retornou, encontrou a filha completamente “LOUCA!”