Silêncio

Nasce um menino negro,

De olhos tristes, meio caídos.

Cala-se para sempre sua Mãe,

Quando ouve seu grito de Vida.

Marcado pela tragédia humana,

Vive alguns anos com seu pai e irmãos

Na Miséria.

De repente é surpreendido

Pelo abandono Paterno,

Ao colocá-lo na “rua”,

Onde passou momentos de intensos conflitos,

Sendo totalmente “excluído” da Sociedade.

SILÊNCIO

É seu nome,

Pois há trinta anos vive inteiramente só

Numa praia deserta.

SILÊNCIO

Mora em uma “Casa”adaptada

Nas pedras,

Onde passa sua vida

Sobrevivendo da caça, plantando, cozinhando,

E salvando banhistas

Que se arriscam no mar traiçoeiro.

Irônico,

Pois o mundo o rejeitou,

E ainda sem quase falar,

Ainda alimenta o sentimento de Solidariedade.

A Solidão sempre foi

Sua companheira inseparável,

A expressão facial do “SILÊNCIO” é forte

E fria como as águas,

Que batem nas pedras da praia.

"SILÊNCIO” é João!“

(Reportagem de Fernando Gabeira, exibida no dia 07/01/15, às 21h30m na

 GloboNews -Praia do Perigoso, em Barra de Guaratiba, no Rio de Janeiro).