A Mensagem

“Nada do que foi será

De novo do jeito

que já foi um dia.

Tudo passa,

Tudo sempre passará.”

Leonor era uma mulher simples, sem muito estudo, mas de uma habilidade inigualável para lidar com as pessoas; sempre muito carinhosa, meiga e suas palavras eram sempre amorosas.

Morava em uma cidade do interior do Rio de Janeiro, sem muitos sonhos e ambições, apenas amava sua família e vivia em um ambiente muito calmo. Era uma mulata bonita, de cabelos sedosos e feições finas, mulher de estatura pequena, mas com um coração gigante!

Ela teve três filhos, o que não era muito comum em sua época, pois as pessoas tinham famílias enormes, mas Leonor era cuidadosa com relação a manter uma pequena família, para que não passassem dificuldade, pois seu marido era operário da Estrada de Ferro Central do Brasil, e não tinha um salário maravilhoso, para que pudesse se dar ao luxo de formar uma grande família! Incrível como tinha essa percepção de renda familiar!

Numa tarde linda e cheia de sol, Leonor lavava a louça na cozinha de sua casa, e seu filho mais novo estava no berço dormindo, pois tinha apenas um ano de idade e era muito forte e saudável, mas depois do almoço sempre dormia. Ela pouco escrevia, sabia ler, mas não tinha o costume de escrever, pois nunca frequentou uma escola tradicional, e de repente sentiu uma vontade enorme de pegar um papel e escrever, mas estranhou...

- O que está acontecendo?

- Não tinha um caderno, desta forma, pegou um papel de pão, aqueles usados antigamente para enrolar os pães na padaria, e começou loucamente a escrever, sem saber o que estava sendo escrito, mas precisava registrar.

Ao acabar de escrever, resolveu ler, pois estava em estado de choque, não conseguia entender o porquê daquela intuição, mas quando leu o que deixou registrado no papel, ficou muito assustada e mostrou para o marido.

Leonor escreveu sobre a partida de seu filho que estava no berço cheio de saúde, mas que partiria em breve,  e ela deveria aceitar sem revolta!

Ficou alucinada ao ler a mensagem e não acreditou nem seu marido, até que algumas horas depois, seu querido Argemiro, começou um processo de febre muito alta e convulsões, até que partiu... inesperadamente!

José, o marido de Leonor, pensou em colocar a mensagem no Jornal da cidade, para que as pessoas soubessem do ocorrido, mas Leonor não permitiu...

Argemiro partiu, e Leonor nunca conseguiu entender o que aconteceu naquela tarde!

A vida tem seus mistérios...

“Tudo que se vê,

não é igual

Ao que a gente viu há um segundo.”