A U.T.I e o preconceito racial

20 de janeiro de 2014




Era primavera... o sol queimava nossa pele, mas dentro daquele hospital sentíamos muito frio, pois a temperatura precisava ser baixa para as bactérias não se proliferarem ,exatamente a explicação que nos foi dada por uma enfermeira. Quando falamos em U.T.I(Unidade de tratamento intensivo)podemos sentir o arrepio cortar nossa alma, pois a sensação é de pânico, todos os familiares transmitem olhares  de pavor, medo das  informações que os médicos passarão aos familiares de todos que lá se encontram internados. Era como assistir a um filme de terror todos os dias às 11h da manhã e às 14h; as pernas bambeavam, o coração com taquicardia, chegávamos  a sentir calafrios, quando era liberada a entrada e passávamos no corredor branco imenso até chegarmos à sala de espera . A vontade era de voltar, correr e sair do hospital desesperadamente, não acreditar que a realidade fosse tão cruel e forte .
O que muito nos  impressionou foi  a atitude de uma senhora bem velhinha, que estava com o marido numa situação muito delicada; todo entubado, com poucas chances de sobreviver, mas que apesar da fragilidade e da proximidade com a morte, ainda assim, este homem que deveria perceber naquele momento a incapacidade do ser humano de mudar determinadas situações trágicas ,mesmo estando “no leito da morte”, demonstrou  acreditar que a cor da pele era mais importante ...sentia-se “melhor” como ser humano por ser de pele “Branca”, e desta forma determinou não querer ser tratado por um enfermeiro “Negro”. Nós não acreditamos nesta fala, ficamos muito impressionadas com tanto preconceito racial num país de miscigenação, não dava para acreditar...era irracional...não parecia humano!
Atitudes profissionais foram tomadas naquele Hospital, e o enfermeiro “Negro”, assistiu o enfermo de origem “Branca”, contra sua própria vontade. Vibramos com a determinação da administração!
O que estas pessoas pensam?
Sinceramente, estávamos acompanhando um ente querido, e sentíamos muita tristeza ao vê-lo sofrer, percebíamos a cada dia, que nada mais poderia ser feito; há uma impotência humana em determinado momento da vida, quando fazemos a nossa passagem para a outra etapa, que podemos definir como o fim do ciclo vital!
Qual a importância da cor da pele?
Caminhamos para o mesmo destino final...
Resolvemos observar atentamente os doentes nos leitos, e enquanto um “Negro” agonizava na cama da U.T.I e lutava bravamente pela Vida, um velhinho  “Branco” preconceituoso radicalmente, exigia não ser assistido por um Negro!
A condenação era bilateral! Não há privilégios na hora da partida.
Até quando tudo isto continuará existindo?
Até quando?
Até quando!
Até quando os homens continuarão tecendo a discriminação e a exclusão social?
Até quando?

6 comentários:

  1. gostei muito do seu blog parabéns
    versoseoutrascoisas.blogspot.com.br
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  2. Difícil mesmo acreditar, que um país assim como o nosso, isso possa acontecer, tenho a plena convicção que isso seja reflexo de pouca punição. Lamentável ver um ser humana tratar o outro desta forma. Muito bem abordado seu texto parabéns. Beijuus querida
    Blog http://www.nalvafaustino.com.br

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  3. Fiquei chocado ao ler esse texto. A indignação daquela situação deve ter sido terrível. Não me imagino na mesma situação que você, vendo o preconceito ali, tão terrível, mórbido e sem razão. Geralmente, na hora da partida, as pessoas reveem suas vidas, principalmente as coisas que não deveriam ter feito, e se arrependem de várias coisas. Mas o velhinho queria continuar nessa ilusão, de que brancos são melhores que negros. Quanta baixeza!

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  4. Tem gente que deseja morrer do que aceitar ajuda de negros.
    É pura ignorância.
    Eu acho que a administração do hospital deveria dar o direito de escolha para o enfermeiro. Ele que deveria decidir se atendia uma pessoa tão preconceituosa ou não.

    Histórias, estórias e outras polêmicas

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  5. É amiga isso doi muito preconceito infelizmente isso ainda existe mas fazemos nossa parte,bjus FB http://mulherfashioon.blogspot.com.br/

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  6. O preconceito ta aí e não é só com negro não. Eu mesma quando estava na escola sofri varias vezes com brincadeiras de mau gosto por ser mais branquinha que os outros.
    Gostei muito do blog ein!
    Beijoss
    FB

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