Domingo e Adolescência

 

O domingo está maravilhoso, o Sol radiante e vem à mente “grandes” lembranças, pois o” Soberano  Astro” tem uma influência inspiradora em minha existência  .Estava lendo o livro”200 Crônicas Escolhidas” de Rubem Braga,  e de repente voltei a ser adolescente e uma aventura revivi dentro de mim.

Quando  estudava no Rio de Janeiro, no Ensino Fundamental, Colégio Mallet Soares, era muito nova, acho que uns 14(quatorze) anos de idade, já escrevia muito e tinha um caderno de anotações, como um diário guardado a 7(sete)chaves, mas que muitas vezes minha mãe o achava e lia todas as minhas emoções registradas, o que me deixava triste, pois eram “minhas” e não gostava que lessem meus sentimentos, mas naquela época os pais não respeitavam muito e invadiam todos os escritos dos filhos, era normal esta violação de privacidade, mas a intenção era sempre a melhor, “proteger!”

Comecei a “ficar” com um aluno de uma outra turma, o que deixou a escola mais interessante,  ele deveria ter 17(dezessete) anos, e por incrível que pareça , escrevia contos. Tínhamos muita afinidade, falávamos a mesma língua, era muito divertido, eu passava as aulas “chatas” escrevendo poemas e depois trocávamos nossos escritos.

George morava no Leblon e nosso colégio era em Copacabana, ele ia comigo para casa sempre , eu morava no Leme. Caminhávamos pela Avenida Atlântica declamando poemas, vislumbrando o mar e suas ondas, falando de grandes escritores, às vezes até esquecíamos de dar nossos beijinhos, pois a literatura nos envolvia por completo....era sangue que fervia...

Nesta época tive uma amiga Lígia, que era Paranaense e de família muito rígida(pai general),ela também escrevia muito , nossa amizade começou nesta época e ela se encantou com o Freddy , amigo de George, formamos um quarteto, até música chegamos a escrever juntas e como eu tocava violão, apresentávamos no colégio, eu sempre muito desafinada !

O que mais me aborrecia era o fato de olhar para George como um amigo escritor, não conseguia vê-lo como namorado, aos poucos fui me afastando dele, mas sentia falta de suas observações em meus poemas, de nossas brincadeiras pela calçada( ainda não era calçadão), pulando...declamando...eu não queria mais nada, estava disposta a escrever  apenas...e nosso “ficar” foi cada dia mais impossível!

A mãe de Lígia a colocou num colégio interno ,pois a encontrou na escada do prédio onde morava em Copacabana nos  “amassos”  com Freddy, o que é muito natural quando somos jovens e amamos com intensidade, acho que a mãe de Lígia talvez nunca tenha amado. Afastamo-nos definitivamente, mas tenho os cadernos que nós duas escrevíamos juntas durante as referidas aulas “chatas!”

Tomei outros rumos em minha vida, não sei como seria com ele(George), mas o fato é que traçamos nossa caminhada, precisamos tomar cuidado, pois podemos anular oportunidades interessantes em nossa vida e depois teremos apenas  “as lembranças!”

Que as lembranças existam e que os adolescentes amem muito ,mas que saibam fazer suas escolhas!