Os andarilhos e a solidão

“Viva todo o seu mundo,
Sinta toda a liberdade,
E quando a hora chegar
O nosso amor está acima das coisas desse mundo.”

Assistindo a um programa onde “Gabeira” entrevistava vários andarilhos pelas estradas da Região Sudeste, fiquei observando o andar solitário de cada um, as palavras soltas, as roupas meio sujas , o olhar disperso , os pés de alguns muito maltratados pelo caminhar nas estradas, sem rumo, sem perspectiva alguma, apenas caminhar...

Um entrevistado questionava sobre “Deus” e dizia ter a certeza de sua existência, mas falava palavras desconexas, vagando pela mente humana.

Muitas vezes passamos nas estradas de carro, e não percebemos estas pessoas, com roupas nas costas, andar meio desorientado, seres humanos isolados, a sociedade não se incomoda com aqueles que não conseguem se inserir num grupo e no mercado de trabalho e obter sucesso!

Estamos muito preocupados em “ganhar dinheiro”, em “ter sucesso”, e nos esquecemos de olhar para o lado, observar ao redor fica difícil, quando estamos voltados somente para interesses pessoais.

Achei muito interessante a fala de um andarilho: “Quero estar sempre sorrindo, esse sorriso não tiro do rosto, pois o que vou fazer, ficar triste?Se você quer ser um andarilho, aprenda a sorrir!”

O que deve levar alguém a caminhar pelas estradas, dormir em postos de gasolina, pedir alimento nos restaurantes, nas lanchonetes, nas residências? Como fica a dignidade humama?

Alguns nem conhecem a família, outros, já não possuem mais nenhum familiar, mas caminham, pois não conseguem fixar residência em nenhuma cidade. Dizem trabalhar, quando encontram algum emprego , mas logo são demitidos e voltam para a vida da estrada, não possuem qualificação profissional, não tiveram oportunidade para estudar, foram castigados de algum forma pela vida!

Fazem amizade com outros andarilhos e às vezes caminham em dupla, mas a solidão é latente!